Após a tragédia com o avião que levava Chapecoense e
jornalistas, a companhia aérea Lamia entrou na mira das autoridades bolivianas.
Suspeita
de voar sem seguir os protocolos de segurança, a empresa teve suas operações
suspensas menos de 72 horas após o acidente na Colômbia.
A
pane seca é apontada pelas autoridades locais e especialistas como a causa mais
provável do acidente que matou 71 pessoas na terça-feira.
A
falta de combustível teria levado à pane elétrica nos motores, que acabaria por
derrubar a aeronave a apenas cinco minutos do aeroporto de Medellín.
A
imprensa local informou que o piloto, Miguel Quiroga, havia sido alertado antes
de decolar do aeroporto boliviano de Santa Cruz do risco da falta de
combustível para completar a viagem.
O
piloto teria a opção de reabastecer em Bogotá, segundo as autoridades, mas
decidiu continuar até Medellín.
A
gravação do diálogo entre ele e a torre de controle do Aeroporto José María
Córdoba mostra que Quiroga comunicou uma emergência por combustível às 21h57
(horário local) e, oito minutos depois, uma "pane elétrica".
Para
o secretário nacional de Segurança Aérea da Colômbia, coronel Freddy Bonilla,
ele demorou a usar a palavra "emergência".
Além
de piloto, Quiroga era também um dos sócios da LaMia, companhia aérea que tinha
apenas 15 funcionários - entre parentes e amigos. A aeronave que caiu, de
fabricação britânica, era a única operacional na frota da empresa e tinha 17
anos.
Indenizações em xeque
De
acordo com a Convenção de Montreal, tratado internacional assinado em 1999, as
companhias aéreas são as responsáveis presumidas legais por acidentes aéreos -
e, consequentemente, sujeitas ao pagamento de indenizações.Mas, se for
confirmada a pane seca, os familiares das vítimas correm o risco de não serem
indenizados.
De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a apólice de seguro contratada pela
Lamia teria duas cláusulas de exclusão que eximiriam a companhia aérea de pagar
indenização em caso de negligência ou omissão do piloto.
ImagecopyrightEPAImagecaptionVítimas do acidente são veladas em Medellín
Mesmo
que isso não aconteça, a apólice de seguro da companhia pode não ser suficiente
para cobrir os possíveis custos da indenização.
Conforme mostrou reportagem da BBC Brasil, a única
apólice conhecida da empresa para acidentes é de US$ 25 milhões (R$ 85 milhões) - valor que poderá ser dez vezes menor que o
total esperado para indenizações desse tipo.
As
duas caixas pretas do avião foram encontradas em perfeito estado e serão
enviadas para análise no Reino Unido. A investigação, que vai confirmar as
causas do acidente, pode levar meses.
Investigação ampla
A
companhia aérea não é a única, no entanto, que está na mira das autoridades. O
governo também determinou a suspensão de executivos da Aasana e da Direção
Geral de Aviação Civil (DGAC) durante as investigações.De acordo com o ministro
Milton Carlos, a ideia é dar início a uma apuração "que investigue não só
as empresas mas, todo o sistema de tráfego aéreo" do país.
ImagecopyrightREUTERSImagecaptionMilhares de torcedores da Chapecoense homenagearam o time na Arena
Condá, em Chapecó
Acidente
Na
madrugada de terça-feira, o avião com a equipe da Chapecoense caiu a 50 km da
cidade colombiana de Medellín. Ali o time jogaria a primeira partida da final
da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.Das 77 pessoas a bordo, 71
morreram e outras seis sobreviveram.
O governo
boliviano, por meio do ministro de Obras Públicas, Milton Claros, anunciou
neste domingo (04) que dará início a um processo contra a empresa LaMia,
responsável pelo voo que levava o time da Chapecoense de Santa Cruz de
la Sierra a Medellín, na Colômbia, e sofreu acidente que vitimou 71
pessoas.Será dado início também, segundo Claros, a uma investigação na
empresa para verificar sob qual situação a Direção Geral de Aeronáutica Civil
(DGAC) boliviana concedeu à LaMia a autorização para prestar serviços
aéreos. O ministro adiantou, de acordo com o jornal local El Deber, que há indícios de descumprimento de
deveres, tráfico de influências e omissão de denúncia.
"Nos chama
poderosamente a atenção que exista relação entre servidores e esta
companhia", disse, referindo-se à relação de parentesco existente entre um
ex-diretor da DGAC e o dirigente geral da LaMia, Gustavo Vargas
Gamboa. "Vamos chegar ao fundo deste assunto, saber que tipo de relação
daí decorre, e vamos iniciar as ações penais e civis correspondentes. Nós,
enquanto governo, estamos entrando com processo contra a empresa LaMia e algum
de seus funcionários."
A investigação terá
como focosócios e diretores da companhia aérea, além de uma análise de suas
contas. O ministro de Obras Públicas estipula prazo de dez dias para que o
DGAC apresente os laudos que o levou a certificar a LaMia como apta a
voar.
Informações
preliminares apontam para suposta negligência da companhia aérea. Segundo áudio
do próprio piloto, a aeronave que levava a Chapecoense apresentou falhas
elétricas, por isso não conseguiu pousar. Um dos possíveis motivos do desastre
seria a falta de autonomia de combustível.
COLUNISTA
RENATA
SOUZA
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