Convite a tucano para
Secretaria de Governo gera mal-estar na base de Temer
Antônio Imbassahy (PSDB-BA) deverá ser nomeado
articulador político do Planalto; líderes do 'Centrão' interpretaram escolha do
tucano como tentativa do governo de interferir na eleição interna da Casa.
O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy,
durante pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados (Foto: Leonardo
Prado/Agência Câmara)
A decisão do presidente
Michel Temer de convidar o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy
(BA), para o comando da Secretaria de Governo – pasta responsável pela
articulação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional – gerou
nesta quinta-feira (8) uma repercussão negativa entre parte dos líderes da base
aliada.
Segundo o G1 apurou, Temer decidiu convidar o líder tucano
para a cadeira que ficou vaga no mês passado com a saída de Geddel Vieira Lima da
Esplanada dos Ministérios após se envolver em um escândalo. A expectativa é que o presidente oficialize a nomeação de Imbassahy na
próxima segunda-feira (12).
O motivo do mal-estar é que,
nos bastidores, a indicação de Imbassahy é vista como uma tentativa do Planalto
de fortalecer o nome de Rodrigo Maia (DEM-RJ) – atual presidente da Câmara –
para a disputa ao comando da Casa em fevereiro.
O mandato tampão do deputado
do DEM se encerra daqui a dois meses, mas, apesar de o regimento interno não
permitir reeleição dentro de uma mesma legislatura, Maia tem feito articulações
para tentar permanecer mais dois anos à frente da Câmara.
O problema é que vários
partidos da base governista, especialmente do bloco de legendas conservadoras
conhecido como “Centrão”, também têm intenção de lançar candidatos na disputa
pela presidência da Casa. Essas siglas têm pressionado para que o Planalto não
interfira no processo eleitoral.
Líderes governistas avaliam
que o objetivo de Temer ao convidar o líder do PSDB para o comando da Secretaria
de Governo é ampliar o espaço dos tucanos na Esplanada para enfraquecer a
intenção do partido aliado de lançar candidato à presidência da Câmara. O
próprio Imbassahy estava entre os nomes cotados da legenda para entrar na
corrida eleitoral.
Centrão reage
Derrotado por Rodrigo Maia na última eleição para a presidência da Câmara, o líder do PSD,
Rogério Rosso (PSD-DF), quer tentar novamente disputar o comando da Casa.
Apesar de ser aliado de
primeira hora de Temer, Rosso adverte que, se a indicação de Imbassahy para o
governo for vinculada a um eventual apoio do Planalto e do PSDB à candidatura
de Rodrigo Maia, pode haver uma ruptura na base governista. Ele chega a dizer
que a manobra poderia prejudiara aprovação das medidas de ajuste fiscal
propostas pelo Executivo federal, como a reforma da Previdência Social.
“Caso isso ocorra, realmente
a situação vai se deteriorar do ponto de vista da união da base. Isso pode
prejudicar o ajuste fiscal”, ressaltou o líder do PSD.
Rosso disse ainda que
Imbassahy tem seu apoio para pilotar a articulação política do Planalto, mas
ponderou que seria melhor Temer ouvir os partidos da base antes de oficializar
a decisão.
Outro pré-candidato à
presidência da Câmara, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), destacou que Temer
“não precisa conversar com ninguém” para tomar a decisão, mas ressalvou que a
indicação de Imbassahy pode soar como interferência do Palácio do Planalto na
eleição interna da Câmara.
“Isso pode, nesse momento,
desequilibrar uma discussão na Casa, que é a eleição à presidência”, enfatizou.
“Pode parecer uma
interferência do governo e isso seria negativo, porque existem grupos [da base]
que discutem a composição da Mesa”.
A exemplo de Rosso, o
deputado do PTB alertou ainda que projetos de interesse do governo estão em
jogo com essa movimentação.
“A questão da Previdência e
outras matérias têm a sua importância. É bom não criar marola para não
atrapalhar.”
Defensor da reeleição de
Rodrigo Maia, o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM),
defendeu a escolha de Imbassahy para a Secretaria de Governo.
“É o presidente quem nomeia
seus auxiliares. O Temer é um cara do diálogo que dá valor ao Congresso”,
afirmou o líder do DEM.
PMDB também chiou
A indicação de Antônio Imbassahy
para a articulação política contou com o apoio do presidente nacional do PSDB,
senador Aécio Neves (MG). Se o líder tucano for confirmado para o primeiro
escalão, o PSDB passará a ocupar quatro cadeiras na Esplanda: Secretaria de
Governo, Justiça, Cidades e Relações Exteriores.
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Gérson Camarotti, além do
"Centrão", houve também resistência na bancada do PMDB da Câmara em
relação ao nome de Imbassahy. Os deputados do partido de Temer preferiam um
colega de bancada ou de legenda no lugar do peemedebista Geddel Vieira Lima.
No grupo de mensagens da
bancada, informou Camarotti, o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) enviou mensagem
defendendo a nomeação do ex-deputado e empresário Sandro Mabel (PMDB-GO) para o
comando da Secretaria de Governo. Mabel, entretanto, tem dito que só aceitaria
a missão por um tempo determinado.
COLUNISTA
RENATA SOUZA
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