Relatório da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado hoje (1º) aponta que a economia
global está “presa em uma armadilha de baixo crescimento”. Para a entidade, a
situação exigirá uma utilização mais abrangente das políticas fiscais,
monetárias e estruturais para retomar o crescimento. Sobre o Brasil, a OCDE diz
que a recessão da economia brasileira deve ficar ainda mais forte este
ano, e persistir em 2017, no contexto de “elevadas” incertezas políticas e das
contínuas revelações sobre corrupção "que estão minando a confiança dos
consumidores e dos negócios".
OCDE diz que recessão econômica do Brasil irá até 2017
Dados da organização apontam que o Produto Interno Bruto
(PIB) deve recuar 4,3% este ano e 1,7% em 2017. Em 2015, a OCDE estimou a
contração de 3,9%, valor acima do registrado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), que apontou para uma queda de 3,8%.
“O crescimento é plano nas economias avançadas e diminuiu em
muitas das economias emergentes, que têm sido a locomotiva global dessa crise”,
disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao abrir a reunião anual do
Conselho Ministerial da Organização, em Paris.
“É urgente uma ação política global para garantir a saída
deste caminho de crescimento decepcionante e impulsionar as nossas economias
aos níveis que salvaguardem padrões de vida para todos", ressaltou Gurría.
O relatório aponta que, com o encolhimento da economia no Brasil, o desemprego
tende a aumentar ainda mais. Já a inflação, vai voltar gradualmente à meta
conforme os efeitos das altas dos preços administrados e da depreciação da
moeda se dissipam, e a fraqueza da economia se expande.
“As profundas divisões políticas têm reduzido as chances de
qualquer impulso notável sobre as reformas políticas no curto prazo e a dívida
pública bruta continua a aumentar. Melhorias na confiança dependerão da
capacidade das autoridades de implementar um ajuste fiscal significativo,
incluindo medidas para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões, e uma
nova onda de reformas estruturais”, aponta o documento. O aumento da
produtividade dependerá de reformas para aumentar a concorrência, reduzir as
barreiras comerciais e os encargos administrativos e simplificar os impostos
indiretos.
Situação global
O documento também chama a atenção para uma série de riscos
de deterioração na economia global. Um dos alertas é quanto à votação no Reino
Unido para deixar a União Europeia (UE), o que provocaria efeitos negativos
econômicos no local, outros países europeus e no resto do mundo. A OCDE aponta
ainda que a incerteza econômica que dificulta o crescimento do comércio terá
efeitos globais mais fortes se, de fato, o Reino Unido sair da UE. A saída
provocaria volatilidade nos mercados financeiros. A previsão, neste cenário, é
que em 2030, o PIB do Reino Unido seja 5% menor do que se o país permanecer na
União Européia.
A recessão da economia brasileira deve ficar ainda mais forte
este ano, e seguir em 2017, segundo estimativas divulgadas nesta quarta-feira
(1º) pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por
conta das incertezas políticas e das contínuas revelações sobre corrupção
"que estão minando a confiança dos consumidores e dos negócios". Depois de uma contração de 3,9%
(segundo a entidade – os dados oficiais do IBGE apontam para uma queda de 3,8%)
em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve recuar 4,3% este ano, e
1,7% em 2017. A estimativa é mais pessimista que a feita pelo mercado
financeiro brasileiro: na semana passada, a
previsão era de contração de 3,8% este ano.
"Enquanto a economia
encolhe, o desemprego deve aumentar ainda mais. A inflação vai voltar gradualmente à meta conforme os
efeitos das altas dos preços administrados e da depreciação da moeda se
dissipam, e a fraqueza da economia se expande", diz a OCDE em relatório.
Divisões
políticas profundas
Para a entidade, as divisões política profundas reduziram as chances de reformas políticas no curto prazo e a dívida pública bruta continua a aumentar. Com isso, a instabilidade pode seguir em 2018. A OCDE aponta que o déficit fiscal (gastos do governo acima da arrecadação) subiram acima de 10% do PIB, e o déficit primário (déficit fiscal, excluindo os gastos com os juros da dívida) superou os 2% do PIB. A estimativa é que o déficit fiscal se manterá em um nível similar em 2016 (10%) antes de uma redução relativa (7,8%) em 2017.
"Melhoras na confiança
vão depender da habilidade das autoridades de implementar um ajuste fiscal
significante, incluindo passos para garantir a sustentabilidade da previdência,
e uma 'nova onda' de reformas estruturais", aponta o relatório. "Uma
produtividade mais forte será 'chave' para um crescimento econômico sólido no
médio prazo".
Recessão
severa
"A economia está em recessão severa", aponta a OCDE. A entidade lembra que quase 2 milhões de postos de trabalho formais foram perdidos nos últimos 12 meses, e que o real se depreciou em quase 20%, apesar de uma pequena recuperação nos últimos meses. As falências e o endividamento subiram; a confiança dos investidores e dos consumidores caiu ainda mais com o aprofundamento da incerteza política. "Um procedimento de impeachment está em curso e um governo interino foi formado, mas a incerteza política e a instabilidade devem continuar", diz o texto. Só as exportações seguem 'sólidas', aponta a OCDE, por conta da taxa de câmbio mais competitiva e de novas oportunidades de exportação. A perda de confiança das famílias e das empresas deverá se traduzir em novas reduções do consumo: após queda 4% em 2015, espera-se 4,8% em 2016 e 3,5% em 2017. E o caso é ainda mais grave em relação aos investimentos: redução de 14,1% em 2015, 14% em 2016 e 4,5% em 2017.
Mundo
Para todo o mundo, a previsão de crescimento econômico foi mantida em um "decepcionante" 3%, e uma expansão "modesta" de 3,3% em 2017. A OCDE pediu a adoção de medidas urgentes para sair da "armadilha do crescimento frágil".
"O crescimento é fraco nas economias avançadas e
desacelerou em muitas economias emergentes que haviam atuado como os motores da
economia mundial depois da crise de 2008", disse o secretário-geral da
OCDE, Angel Gurría, ao apresentar em Paris o relatório trimestral da
organização, segundo a AFP , Gurría pediu aos dirigentes políticos que
"adotem urgentemente medidas globais que tornem possível (...) sair desta
dinâmica de crescimento decepcionante e imprimir a nossas economias um estímulo
que permita preservar o nível de vida de todos".
A média reflete uma desaceleração das economias desenvolvidas
e da China, assim como a persistente recessão na Rússia e particularmente no
Brasil, que sofre o pior retrocesso de sua economia em quase um século.O
crescimento do PIB dos Estados Unidos vai registrar desaceleração a 2,4% em
2015 e 1,8% em 2016, antes de avançar a 2,2% em 2017. Na zona do euro, o
resultado permanecerá estagnado este ano em 1,6% e em 2017 deve crescer apenas
um décimo. O Japão passará de um crescimento modesto de 0,6% em 2015 a 0,7% em
2016, mas registrará nova desaceleração a 0,4% em 2017. A OCDE, organização de
34 democracias com economias abertas, em sua maioria ricas, apela aos poderes
públicos a "recorrer mais amplamente a medidas de política fiscal e a dar
um novo impulso às reformas estruturais, para sair da armadilha do crescimento
frágil".
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