ARGUMENTOS
A FAVOR E CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Um
dos temas mais discutidos atualmente na política brasileira, as regras da
maioridade penal estão prestes a ser alteradas no país. A ideia é diminuir a
idade mínima com que uma pessoa pode ir para a prisão em caso de crimes
hediondos. Essa é uma discussão que tem se desenrolado ao longo de muitos anos
e que envolve convicções muito enraizadas sobre responsabilidade individual e
sobre a implementação de políticas públicas no país. Afinal, o que é melhor
para o Brasil: manter a maioridade penal em 18 anos ou reduzi-la para 16 anos
de idade? Para você poder formar uma opinião bem embasada, o Politize vai te
deixar por dentro desse debate!
Por que argumentam a favor?
· Porque
a maior parte da população é a favor. O Datafolha divulgou recentemente
pesquisa em que87% dos
entrevistados afirmaram ser a favor da redução da maioridade penal. Apesar
de que a visão da maioria não é necessariamente a visão mais correta, é sempre
importante considerar a opinião popular em temas que afetam o cotidiano.
·
Porque adolescentes de 16 e 17 anos já têm
discernimento o suficiente para responder por seus atos. Esse argumento
pode aparecer de formas diferentes. Algumas apontam, por exemplo, que jovens de
16 anos já podem votar, então por que não poderiam responder criminalmente,
como qualquer adulto? Ele se pauta na crença de que adolescentes já
possuem a mesma responsabilidade pelos seus próprios atos que os adultos.
·
A impunidade de menores gera apenas mais
violência. Com a consciência de que não podem ser presos, adolescentes
sentem maior liberdade para cometer crimes. Pode ter sido o caso do garoto que
matou um jovem na véspera de seu aniversário de 18 anos. Assim, prender jovens
de 16 e 17 anos evitaria muitos crimes.
·
Muitos países desenvolvidos adotam maioridade
penal abaixo de 18 anos. Nos Estados Unidos, a maioria dos estados submete
jovens a processos criminais como adultos a partir dos 12 anos de idade. Outros
exemplos: na Nova Zelândia, a maioridade começa aos 17 anos; na Escócia aos 16;
na Suíça, aos 15. Veja aqui uma tabela comparativa da maioridade penal ao redor do mundo.
·
As punições atuais para menores são muito
brandas. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê punição máxima
de três anos de internação para todos os menores infratores, mesmo aqueles que
tenham cometido crimes hediondos. A falta de uma punição mais severa para esses
casos causa indignação em parte da população.
Por que argumentam contra?
·
Porque é mais eficiente educar do que punir. Educação
de qualidade é uma ferramenta muito mais eficiente para resolver o problema da
criminalidade entre os jovens do que o investimento em mais prisões para esses
mesmos jovens. O problema de criminalidade entre menores só irá ser resolvido
de forma efetiva quando o problema da educação for superado.
·
Porque o sistema prisional brasileiro não
contribui para a reinserção dos jovens na sociedade. O índice
de reincidência nas prisões brasileiras é relativamente alto. Não há
estrutura para recuperar os presidiários. Por isso, é provável que os jovens
saiam de lá mais perigosos do que quando entraram. [Nota: este parágrafo
afirmava anteriormente que a reincidência no Brasil é de 70%,dado que se
revelou impreciso.]
·
Porque crianças e adolescentes estão em um
patamar de desenvolvimento psicológico diferente dos adultos. Diversas entidades de Psicologia posicionaram-se contra a redução,
por entender que a adolescência é uma fase de transição e maturação do
indivíduo e que, por isso, indivíduos nessa fase da vida devem ser protegidos
por meio de políticas de promoção de saúde, educação e lazer.
·
A redução da maioridade penal afeta
principalmente jovem em condições sociais vulneráveis. A tendência é que
jovens negros, pobres e moradores das periferias das grandes cidades
brasileiras sejam afetados pela redução. Esse já é o perfil predominante dos
presos no Brasil.
·
Tendência mundial é de maioridade penal aos 18
anos. Apesar de que muitos países adotam idades menores para que jovens respondam
criminalmente, estes são minoria: estudo da Consultoria Legislativa da Câmara
dos Deputados revela que, de um total 57 países analisados, 61% deles estabelecem a maioridade penal aos 18 anos.
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